sábado, 20 de dezembro de 2008

DIVIDIR O PÃO

Numa terra longínqua, lá pelos lados do Oriente, vivia um homem pobre, chamado Zé Perneta.Ele era conhecido assim porque tinha uma perna menor que a outra, por conta de uma paralisia infantil, quando ainda era criança.Morava numa casinha simples, juntamente com sua esposa Mariá e seus três filhos : João,Anita e Zequinha .
Eram tempos difíceis, onde comida era escassa, como em dias de guerra....
Um dia , Zé Perneta ,saiu para caçar como sempre fazia, na tentativa de garantir a única refeição do dia ,ao chegar na mata, deparou-se com um menino de aparência nobre.
-Ei garoto, como é seu nome? O que você está fazendo aqui?
-Meu nome é Joaquim Assunção , estou perdido e com muita fome.
-E como você veio parar aqui?
-É que o meu cachorro se perdeu na mata , fui atrás dele e me perdi também.
-Como se chama ele?
-Lôbo.
-Ele é grande?
-Não, mais parece com um lobo, é um Husky Siberiano.
-Vou tentar ajudar você Joaquim, espere aqui ,agora irei caçar para nós almoçar mais logo.
Zé Perneta adentrou a mata e logo acertou numa linda paca, um tiro certeiro.
-Joaquim, venha vê, você é um cabra de sorte, hoje a comida será farta.
-Vamos para minha casa, já está ficando tarde e os meus filhos estão com a barriga nas costas.
-Como com a barriga nas costas , seu Zé?
-Ah, é modo de falar, eles estão é com muita fome, assim como nós.
E os dois seguiram tagarelando .....
- Ô de casa? Mariá? Temos visita hoje para almoçar.
-Visita! home? Já temos tantas bocas...
-Sossega mulher, uma boca a mais, não faz diferença, o que temos é pouco , mas , dá para dividir.
-Este aqui é o Joaquim, encontrei perdido na mata.
Zezinho, o filho caçula , aproximou-se de Joaquim e perguntou:
-Você tem irmãos?
-Tenho sim Zezinho, uma irmã que se chama Julia.
-E seus pais?
-A esta hora devem está à minha procura junto com a polícia florestal.
-O que eles fazem?
-São empresários do ramo de alimentos.
-Ah, você deve morar numa casa grande, cheia de comida , não é mesmo ?
-É , você está certo, lá em casa temos mesa farta sempre.
As horas se passaram, todos comeram, e logo veio a noite.
No dia seguinte, Zé Perneta e Joaquim foram para a mata à procura de Lôbo.
Joaquim gritava exaustivamente:
- Lôbo, Lôbo, venha, estou aqui...
Andaram alguns metros e vejam só quem eles encontraram? Lôbo, todo sujo e sedento. Joaquim logo abraçou-o fortemente, com os olhos cheios de água , dizendo:
-Lôbo, meu amigo, como senti sua falta, pensei que não o veria mais.
-Seu Zé Perneta, acho que me situei agora, se seguirmos ao Norte , encontraremos a estrada que liga à cidade.
Seguiram e lá adiante ouviram gritos : Joaquim....Joaquim ... Essa voz é do papai, e está perto, pensou Joaquim.
-Estou aqui papai.
Não demorou muito e pai e filho se encontraram...
-Papai , que bom te ver de novo, a mamãe está bem?
-Agora está.
-Papai, este é seu Zé Perneta, uma pessoa muito boa , foi ele quem me encontrou na mata, me deu comida quando mais precisei.
-Sou muito grato ao senhor ,pelo que fez ao meu filho.Como posso recompensá-lo?
- Ah, seu moço , não precisa nada, a amizade me basta.
-Se é assim, então mais uma vez muito obrigado.
-Seu Zé, quando o Senhor for até a cidade, leva os meninos para brincarem comigo .
-Está bem Joaquim.
-Até breve amigo...
Quando chegaram em casa, o menino abraçou a mãe , a irmã , olhou para o pai e falou:
-Sabe papai, eu senti muito medo lá naquela mata, mas também aprendi muito.
-Como meu filho?
-Olha papai, lembra daquele homem, o Zé Perneta?
-Claro que lembro, não foi o que te salvou?
-É...,ele mora numa casa bem diferente da nossa, mas ele não pensou duas vezes para me dá um prato de comida, apesar de eles falarem que comida lá é coisa escassa.
-Mas , porque você está falando isso , filho?
-Por que de agora em diante papai , quando passar algum pedinte em nossa porta, nunca mais resmungarei, dizendo que chatice, pois , aprendi que dividir o pão é possível, mesmo quando temos pouco para dar.





Graça Matos
29/10/2008.

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